Você deu trabalho, viu? (Ou será que ainda dará?)
O governo norte-americano confirmou, durante a noite/madrugada deste dia 02/05/2011, praticamente 10 anos após o 11 de setembro a morte de Osama Bin Laden, suposto criador da rede terrorista Al-Qaeda.
A “Guerra ao Terror”, desenvolvida primeiramente durante o governo de George W. Bush, presidente dos Estados Unidos de 2000 a 2008, tinha como principal objetivo interceptar terroristas durante o planejamento de suas ações terroristas, além de realizar uma pressão sistêmica aos Estados ditos párias, ou seja, que poderiam oferecer abrigo ou apoio aos grupos terroristas. E o principal alvo da ação norte-americana foi atribuído ao grupo al-Qaeda. O grupo al-Qaeda foi criada no fim da década de 1980, porém é muito mal compreendida pela opinião pública mundial.
Primeiro, o grupo é deveras descentralizado. Logo, afirmar que Bin Laden era seu líder principal é uma falácia. Segundo, o terrorismo islâmico não é representado somente pela al-Qaeda, logo, mesmo que Bin Laden tenha, de fato, morrido, o terrorismo islâmico não terá terminado.
Em 1996 e em 1998, Osama Bin Laden proferiu dois fatwas. Fatwas são ditos de ordem sagrada, que somente um estudioso ferrenho ou um guerreiro considerado sagrado pela religião islâmica pode proferir, com o caráter de lei ou mandamento. Nestes fatwas, fora dito que a guerra contra os cruzados (norte-americanos, israelenses, ingleses, etc.) deveria continuar a todo vapor. Além disso, a restauração do califado islâmico seria essencial para o objetivo central da missão do fatwa ser completo. Então, amigos, vemos que tem MUITA água ainda pra correr.
A tradição de demonização do inimigo por Estados é uma prática tradicional. Por que? Exatamente pelo fato desta demonização facilitar a identificação do inimigo. Neste sentido, identificar e solidificar o argumento de que Osama Bin Laden era o Mastermind do grupo e de toda a operação contra os EUA é muito mais fácil. E, além disso, dizer que o mesmo fora morto, através de uma operação de seu próprio país, traz um sentimento de segurança enorme, além de que a justiça fora feita.
A galera comemorando em Washington D.C., capital norte-americana.
Até mesmo porquê, imagine se os governantes do país onde você mora, em um discurso após um atentado como o de 11 de setembro, afirmam que: “Cidadãos dos EUA, infelizmente é impossível identificar de onde partiu as ordens deste ataque. Somente sabemos que o grupo al-Qaeda fora criado no Afeganistão e com células fortes no Paquistão... Mas onde eles treinaram? Onde eles conseguiram o know-how? Infelizmente não temos estas respostas...”
Bom, e a morte de Osama Bin Laden veio bem a calhar para Barack Obama. Um ano antes das eleições presidenciais, Obama que não estava conseguindo nem permissão do partido republicano para ir ao banheiro, caiu como uma luva. Toda a sua reforma da saúde, fiscal, e a própria reforma econômica, aparentemente, pode vir a desaparecer ou abrandar frente à esta notícia. O que me preocupa mais é, eu como um entusiasta político de Obama, que começo a ficar um pouco mais receoso com relação a suas políticas. O que virá a seguir somente o futuro dirá. Mas vejo que, de repente, a tradição belicista republicana pode estar virando tradição democrática também, como forma de dizer nos EUA, que “estou trabalhando, não tá vendo?!?!?”.
Será que realmente a morte aconteceu? O corpo fora enterrado no mar?? Seguindo tradições islâmicas? Sinceramente, eu acho que os soldados norte-americanos, após capturarem e matarem o homem mais procurado da História, estariam pouco se lixando para as tradições islâmicas. Teriam empalado a cabeça de Bin Laden em praça pública, principalmente num arranha-céus, de onde todos os países com maioria islâmica do Oriente Médio poderiam ver que, se mexer com os EUA, é melhor começar a rezar, e de frente para Meca.
obs.: Se o Osama Bin Laden de fato morreu, isso não mudará EM NADA a questão do risco do terrorismo dentro do cenário internacional. Aliás, vejo que, com todo esse rebuliço, as coisas venham apenas a piorar.