O massacre acontecido em realengo, no Rio de Janeiro, causou uma profunda comoção social em todo o país. O fato como as coisas aconteceram e o número de vítimas, crianças inocentes, sensibilizaram a sociedade.
Tal massacre não pode, entretanto, servir como pano de fundo para demagogias políticas. O presidente do Senado, José Sarney, (sempre ele!) propôs que se realize um plebiscito para consultar a sociedade sobre o desarmamento.
Curioso. Curiosíssimo. No ano de 2005 houve um referendo onde a população foi ouvida a respeito do assunto. Como é sabido, prevaleceu o direito do cidadão comprar, legalmente, uma arma. Sarney justifica sua proposta dizendo que o país vive um momento diferente daquele de 2005. Ah tá! O tal Wellington, homem responsável pelo massacre, não adquiriu sua arma no mercado legal. Independente de mérito, ter uma arma, preenchidos os requisitos legais, é um direito do cidadão. O problema não está no comércio legal, mas sim no ilegal de armas.
Ao invés de se propor plebiscito para inibir o comércio legal de armas no país, Sarney, que é aliado da presidente Dilma, deveria sugerir que sua excelência aumentasse a fiscalização nas fronteiras do Brasil com os países vizinhos. Fiscalização que é fraca desde o governo Lula.
O número de armas ilegais que entram no país, juntamente com drogas, é absurdo. Bandido consegue arma não é comprando na loja, mas sim, no comércio ilegal de armas que são importadas. E isso não é de hoje. Não é de um ano atrás, não. Já é de muito tempo. O país não vive momento diferente de 2005 coisa nenhuma. É só comparar os dados para chegar a essa conclusão.
E a respeito do referendo, a Ordem dos Advogados do Brasil também já se manifestou de forma contrária, como também o fizeram integrantes do próprio Congresso Nacional. Ophir Cavalcante, presidente da OAB, classificou a iniciativa de Sarney como uma “cortina de fumaça" para desviar a atenção dos brasileiros dos principais problemas de segurança pública do país.
Até parlamentares que foram na época do citado referendo, a favor do desarmamento, defendendo, portanto, o voto sim, se manifestaram de forma contrária a uma nova consulta. É o caso do ex-deputado Raul Jungmann (PPS/PE), que foi coordenador da frente Brasil Sem Armas. O ex-deputado defendeu o respeito ao resultado e classificou uma nova consulta como uma demagogia, um golpe.
Pois bem, segurança pública não é brincadeira. Já passou da hora das autoridades levarem o país a sério e passarem a segurança pública a limpo. Wellington é a conseqüência da facilidade do acesso de armas ilegais no Brasil. Providências são necessárias para evitar que surjam novos Wellingtons e novas tragédias venham a acontecer.
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