Já está passando na TV e no rádio o horário eleitoral gratuito, cada vez mais moderno. Nas eleições majoritárias, governador, senador e presidente, as equipes de marketing ganham mais espaço do que as próprias propostas dos candidatos.
Se você parar para assistir, por pouco que seja, o horário eleitoral você notará isso. As falas, as músicas, a imagem do candidato. Em tudo tem a participação dos marqueteiros. Claro que há propagandas que usam muito pouco essa ferramenta, mas acabam ficando muito menos atrativas para o eleitor, que já não é fã da propaganda eleitoral.
Não sou contra o marketing, muito pelo contrário. Entendo que ele deve ser usado, seja nos programas, nas músicas, nos panfletos, enfim, na campanha. O que não concordo é quando esse marketing passa a tornar as coisas fantasiosas, fora da realidade.
Esses dias, enquanto ouvia a propaganda do Cabral ao governo do Rio, quase acreditei no que eles diziam. “Vendia-se” a imagem de um Rio “quase perfeito”, onde os problemas tinham sido resolvidos e as coisas estavam indo de bom a melhor.
Ora, eu sei que isso não está acontecendo. Eu sei que o Rio tem uma porção de problemas para serem resolvidos e que o que se dizia poderia até ser verdade, mas em parte, guardadas as devidas proporções. O marketing supervalorizou os feitos de Cabral, mostrando-o como alguém que em 3 anos e 8 meses de governo tirou o Rio da beira de um colapso transformando-o em um estado modelo para o país. Isso não é verdade. Houve avanços? Acredito que sim, mas falar que as UPPs transformaram e pacificaram o nosso estado, enquanto candidatos e pessoas comuns são impedidas de visitarem algumas comunidades, que a educação melhorou de forma significante, enquanto a falta de professores e estrutura nas escolas públicas ainda é enorme e o Rio tem um dos piores desempenhos nos índices que medem a qualidade da educação, falar que a saúde está bem, quando se vai a uma UPA e fica-se 5 horas aguardando atendimento e por aí vai.
Não quero aqui fazer um texto anti-Cabral. Quero aqui mostrar que o Rio não anda assim tão bem das pernas como diz sua propaganda.
Quero aqui pedir a atenção da população quanto ao uso do marketing nas eleições, e o seu uso exagerado pelos candidatos. O marketing é uma ferramenta importante, mas deve ser usada de forma a não transformar a realidade em algo fantasioso, iludindo a população e assim, ferindo a democracia.